sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"Infinita (gospel) Highway"




Sempre me perguntei o porquê do sucesso de um livro para falar de uma ‘Igreja com propósito’. Lendo Francis Shaeffer[1] eu descobri. A Igreja de hoje precisa disso porque está vivendo um misto de niilismo e existencialismo cristão.

Tudo na igreja evangélica contemporânea se resume em como você pode satisfazer-se ou expressar sua vontade. Como alcançar sua prosperidade financeira. Como viver sem problemas. Como fazer um louvor ‘a-bem-suado’. Como se sentir bem em um ‘culto’.

Vivemos como se estivéssemos numa “Infinita (gospel) Highway[2]” . “Nós não precisamos saber aonde vamos, nós só precisamos ir (...) sem motivos, nem objetivos, estamos vivos e é só”. É assim que muitos crentes estão vivendo. Não sabem a que igreja pertencem. Não sabem o que vão fazer na igreja e muitos nem sabem onde vão parar.

É simples. Pergunte aos crentes das nossas igrejas modernas: porque você vai à igreja? As respostas da maioria provavelmente serão: “Eu vou para sentir a benção de Deus, o mover do Espírito”. “Eu vou lá buscar minha benção”. “Eu vou à igreja para me preparar para a semana de trabalho, recarregar ‘minhas pilhas espirituais’”.

É uma vida sem sentido. Não há propósito nisso. É apenas o ‘eu’ e ninguém mais. Demos o ‘salto’ e tudo o que importa é a experiência interna de cada um. É o arrepio que sobe dos pés à cabeça que move os crentes. De experiência em experiência, de salto em salto. Assim os crentes de hoje vivem de momentos.

Caminhamos como Caetano, “contra o vento, sem lenço, sem documento”. E assim não fazemos diferença. A não ser aquela que causada pela oração da propina.

E é por causa disto, que estou ao ponto de parafrasear Jean Paul Sartre e dizer que nos dias de hoje: “O 'crente' é uma paixão inútil”.

Contudo, quero concluir, dizendo que tudo o que disse não passa de uma generalização. Nem todos são assim. Creio nisso principalmente pelo fato de saber que Deus não se deixa sem testemunho fiel. Não sou pessimista nem niilista como Sartre. O que disse é o que vejo na maioria das igrejas.

Mas... quem foi que disse que o povo de Deus é ou será maioria???

Que Deus tenha misericórdia de nós.

Marcelo Batista Dias


[1] Francis A. Schaeffer, A Morte da Razão. São Paulo: ABU, 2007.

[2] Composição: Humberto Gessinger - Engenheiros do Hawaii

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