E agora, Povobrasileiro?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, Povobrasileiro?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, Povobrasileiro? (...)
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, Povobrasileiro!
Povobrasileiro, para onde?
(Adaptação de trecho do poema “José” de Carlos Drummond de Andrade)
As luzes se apagaram. Calou-se a cuíca. Cada um de volta para sua casa. Casa alugada... própria... palacete... casebre... incólume... em ruínas...
Não se ouve o som do apito nem dos tambores do afoxé! Cada um para sua vida... maltrapilha... bandida... sem rumo nem prumo.
Já não giram as baianas nem as porta-bandeiras. Roda a roda viva.. fugaz... efêmera... da velha rotina dos ônibus, táxis, ruas e metrôs lotados... das caras amarradas... da truculenta gesticulação nos automóveis.
Vamos começar o ano!!!! Vamos voltar ao ciclo... à velha agonia de esperar mais um ano até que venha o próximo carnaval... para que volte o sorriso... se emule a alegria... se induza as emoções... se esconda a verdade... falsifique o prazer.
Você marcha, Povobrasileiro!
Povobrasileiro, para onde?
Anda em círculos. Vai pra lugar nenhum...
E agora Povobrasileiro?...
Marcelo Batista Dias
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