sábado, 13 de agosto de 2011

Simplesmente, Pai...


Seria um dia comum se não fosse pelas palavras que o velho ouviu de seu filho mais moço: “Pai eu quero o que é meu. Dá-me a parte dos bens que me cabe”.

“Que atrevido!” – talvez pensasse o velho. Mas sem muita conversa dividiu a herança e deu ao jovem o que tanto queria. Compreensão de pai...

Entra dia e sai dia, e lá está a cabeleira branca despontando por sobre a porteira da fazenda – “Pode ser que demore muito, mas sei que um dia ele vai voltar. Vê-lo-ei pela estrada. Correrei, o abraçarei, o beijarei...”. Esperança de pai...

Os dias passam lentamente. Mas um dia, de repente, eis que surge o tão esperado. O filho, mendigo, vem cambaleando pela estrada. Maltrapilho, malcheiroso...

Quem se importa! O velho se esquece dos anos que lhe pesam sobre os ombros. Sente a força em suas pernas, e como se fosse o jovem de passados anos, dispara em direção ao vulto cambaleante na estrada. Amor de pai...

Lágrimas. Abraços. Beijos. “Pai me perdoa. Pequei contra céu e contra ti. Faze-me teu escravo. Não posso mais ser chamado de filho”.

“Ouçam todos! Achei meu filho perdido! Tragam as roupas, as sandálias e o anel! Meu filho voltou! Matem o melhor novilho! Chamem os vizinhos! Comamos! Bebamos! Regozijemo-nos!”. Graça de pai...

O filho mais velho vem chegando da labuta. Ouve a musica, vê as danças e se aproxima – “O que está acontecendo? Que festa é essa?” – corre ao pai e, sem acreditar no que vê, dispara contra o velho, mas alegre coração:

“Não posso acreditar papai! Estou sempre com o senhor, e nunca se alegrou tanto por mim! Mas a este desprezador, que gastou o fruto do seu penoso trabalho, dá-lhe esta grandiosa festa?”.

“Meu filho... Tudo o que vês é teu. Sempre estiveste vivo aqui comigo. Nunca lhe neguei nada. Mas teu irmão estava morto, e reviveu, estava perdido e foi achado”. Sabedoria de pai...

Depois de longa conversa, entram os dois festa adentro. Família reunida outra vez. Simplesmente, pai...

Uma homenagem do Ecclesia a todos os pais de plantão. Feliz dia dos pais!

Que Deus os abençoe ricamente!

Marcelo Batista Dias
Pai...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Graça Comum: Deus é o maestro que criou e que rege toda a sinfonia da criação!


Bem sabemos que depois da queda, o homem foi dominado pelo pecado(Rm 3.23), tornando-se escravo de suas próprias paixões e morto espiritualmente, sendo esta a doutrina já discutida aqui em outro texto, a Depravação Total. No entanto, tal perspectiva nos deixa diante de um sério dilema: em meio à tamanha corrupção espiritual, como pode haver uma sociedade ordenada com princípios éticos, e relações de afeto? Como as estruturas da sociedade não foram devoradas pelo desejo insano do coração dos homens? A resposta dada pelo Calvinismo é só uma: a graça comum de Deus.

Essa questão me foi esclarecida durante a leitura do excelente livro Calvinismo de Abraham Kuyper, teólogo holandês do século passado, onde ele afirma que assim como o homem domestica os animais, e prende ou controla seres selvagens, assim também Deus limita a maldade dos homens, extraindo até mesmo o bem do mal, para que se preserve a criação, entendido neste conceito não somente as coisas naturais, mas também toda a criação intelectual que também vem Dele.

É tal pensamento que nos explica a retidão moral de alguns incrédulos, que apesar de caídos espiritualmente, tem uma conduta séria e comprometida com suas causas, ao ponto de causar admiração. Isto nada mais é do reflexo da graça comum de Deus, que é a interferência mínima Dele para garantir que o mundo não seja destruído pelos corações pecaminosos dos homens. Esta graça é diferente da especial, sendo esta a que conduz a salvação por colocar a fé no caminho do escolhido.

A graça comum é um conceito rico e que nos dá amplas possibilidades de contemplação por caminhos muitas vezes negligenciados por separações equivocadas que foram construídas com base em premissas erradas, como a separação do sagrado e do profano. Neste mesmo livro, Kuyper prega que a cosmovisão calvinista, que nada mais é que a exposição clara e fiel das Santas Escrituras, deve permear todas as esferas do conhecimento humano, e restringir este pensamento ao ciclo religioso, como temos feito, acaba o isolando e entregando as ciências, a política e as artes nas mãos das vãs filosofias, deixando de lado uma ótima oportunidade de glorificar a Deus através destas áreas da convivência humana.

Paulo afirma em colossenses que: “Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. E ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste.” [1] Assim, é uma posição falha o isolacionismo do pensamento cristão que deve abranger com completude o ser humano, já que tudo foi feito por Deus e tem como fim Cristo. Muda-se o paradigma: não me afasto do mundo, mas somente daquilo que é pecaminoso nele..

Mas, dentro do campo vasto onde podemos notar o agir de Deus em lugares onde dogmas infundados nos impediam de ver, gostaria de limitar a análise e me deter na questão da arte, citando o também holandês Hans Rookmaaker, e sua defesa de que a arte não precisa de justificativa: Assim, a arte deve abrir os olhos das pessoas, ou servir como decoração, ou louvor, ou ter uma função social, ou expressar uma filosofia em particular. A arte não precisa de desculpas. Ela possui seu próprio significado que não precisa ser explicado, assim como o casamento ou o próprio ser humano, ou a existência de um pássaro ou flor ou montanha ou mar ou estrela. Todos eles detêm um significado porque Deus os criou. Seu significado é que foram criados por Deus e são por Ele sustentados. Assim, a arte tem sentido como arte porque Deus considerou bom dar arte e beleza à humanidade. [2]

Esta conclusão é bela e instigante: a graça comum de Deus nos agraciou, em meio a tanta corrupção, com a beleza da arte. Ao visitar o museu da língua portuguesa em São Paulo, não pude ter outra afirmação em mente se não esta, e vi verdades eternas em muitas obras de homens que não a conheciam, e esta é a beleza do agir de Deus como maestro na criação, se revelando até mesmo através daqueles que não o conhecem. Este texto é na verdade uma introdução a uma série que pretendo fazer nos próximos meses, analisando sob a ótica da graça comum concepções em canções e poesias sobre a criação, a morte, o amor, o sentido da vida e etc. Além de introduzir, este artigo também nos dará o aporte teórico para esta viagem. Aguardo sugestões para incrementar este trabalho, com indicações de até mesmos outras manifestações artísticas como artes plátiscas e cinema, assim como temáticas para serem tratadas. Termino com um nítido exemplo de verdade de Deus que brota fora dos celeiros eclesiásticos:

Três âncoras deixou Deus ao homem: o amor da pátria, o amor da liberdade, o amor da verdade.Cara nos é a pátria, a liberdade mais cara; mas a verdade mais cara que tudo. Patria cara, carior-Libertas, Veritas carissima. Damos a vida pela pátria. Deixamos a pátria pela liberdade. Mas pátria e liberdade renunciamos pela verdade. Porque este é o mais santo de todos os amores. Os outros são da terra e do tempo. Este vem do céu, e vai à eternidade. (Rui Barbosa) [3]

Jesus Cristo é a verdade!

Deus vos abençoe!

Rodrigo Ribeiro

@rodrigolgd

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Fonte: UMP da Quarta

sábado, 6 de agosto de 2011

Onde está você?


“E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?” Gn 3:9

A queda de fato desestabilizou todas as coisas. Toda ordem se desfez no momento em que Adão e sua esposa deliberadamente desobedeceram a Deus. O pecado entrou no mundo e todo o cosmos se desestruturou: “maldita é a terra por tua causa” (3:17).

Contudo, a primeira reação de Deus não foi condenar a Terra, mas procurar o homem. Deus sabia que Adão estava fisicamente no Jardim. Mas apesar de estar fisicamente ali, espiritualmente, o homem estava absurdamente longe de Deus. O “onde” se refere a posição de Adão em relação a Deus. Antes ele estava no convívio perfeito. Na ligação perfeita. Na vida perfeita. Agora ele estava morto. O rompimento foi tão forte, que a realidade espiritual do homem a partir de então, conforme a palavra de Deus, era de morte.

Assim, a questão não era tanto a localização de Adão, mas sua condição. Seu ser, sua essência, sua semelhança com o Criador, se haviam perdido em sua desobediência. A própria resposta de Adão revela isso: “Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (3.10).

Em outras palavras: “Ouvi a tua voz no jardim, e ela já não me era mais amigável. Ouvi tua voz e ela já não me dava alívio. Ouvi a tua voz e ela já não mais fazia meu coração romper de alegria. Olhei para mim e vi que já era o mesmo. Percebi o quão terrível é a minha nudez. Já não sinto mais o desejo de correr em Tua direção para longamente conversarmos. Estou com muito medo...”

Ainda hoje, as coisas seguem a mesma ordem. Primeiro o indivíduo se afasta de Deus, depois todas as coisas ao seu redor começam a ruir. Tudo fica mais difícil. Não me refiro à vida financeira propriamente dita, apesar de esta também poder ser abalada. Nem sempre o afastar-se de Deus, é acompanhado de derrocada financeira. Alguns amigos que se afastaram do evangelho já me revelaram que sua condição financeira até melhorou um pouco. Algumas vezes o contrário é verdadeiro. A gente se aproxima de Deus, e o bolso parece que furou. É bom pra gente aprender a depender mais de Deus.

Mas eu me refiro a muito mais que dinheiro. Refiro-me a todo o sabor que as coisas da vida têm. Tudo se torna mais amargo. Mais doloroso. Conquistar o pão de cada dia se torna uma tarefa maçante, pesada, cheia de desprazer. O chefe é um carrasco. A empresa é uma porcaria. A profissão não é prazerosa.

Até mesmo na hora do usufruto das conquistas. Gastar o fruto do trabalho pode proporcionar leve prazer, mas não preenche as aspirações do coração. Além disso, as coisas que antes causavam náusea, agora se tornam mais atrativas. O pecado ganha sabor. Ainda que seja como comer um pedaço de isopor temperado.

Tudo isso ocorre por quê? Porque o prazer de uma vida enlaçada à vida de Deus, se tornou obsoleto, diante da oportunidade de uma vida “livre”. Porque o “conhecimento do bem e do mal” se tornou mais atrativo que o relacionamento com o Bem em pessoa. Assim troca-se a oportunidade de ser, pelo engano de ter. A promessa da Vida, pela certeza da morte.

Diante disso eu pergunto: Onde está você? Também não quero saber localização, mas a sua condição diante de Deus. Não importa tanto se fisicamente você tem estado na igreja, mas onde está seu ser, sua vontade, seu desejo, seu coração, sua mente, dentro e fora dela.

Lembre-se que tudo o mais na sua vida, dependerá de onde você está. Dependerá da sua relação com seu Criador, e Redentor. Todo o sabor da vida. Todo o prazer de existir. Todo o gozo de ser. Tudo isso e todo o resto dependem totalmente da resposta que você dará a esta pergunta: onde está você?

Marcelo Batista Dias

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Manifesto Cristão


A maior parte do cristianismo evangélico hoje é fundamentado em clichês. A maior parte do nosso cristianismo vem de músicos que se dizem cristãos, e não da bíblia. A maior parte do que os evangélicos acreditam é ditado pela cultura secular e não pela escritura.
Poucos são os que encontram a porta estreita. Consequentemente, as ideias mais populares possivelmente não são os conceitos mais próximos da verdade bíblica. Nos dias de hoje, desconfie de qualquer “Best-seller”. Desconfie de qualquer um que for sucesso ou um furacão de vendas, simplesmente porque a genuína verdade cristã jamais foi e nunca será “digerida” pelas massas. A maior prova disso, é que mataram o seu autor. Se caiu no gosto da maioria é falso. Lembre-se, Jesus se referiu aos seus verdadeiros seguidores como “pequenino rebanho”.
A apostasia que a Bíblia nos advertiu que seria evidente nos últimos dias já está em pleno andamento. Somente aqueles que se mantiverem firmes a Palavra de Deus serão protegidos e salvos. Este remanescente de crentes fiéis será visto como pessoas antiquadas e de mentalidade fechada.
A natureza da salvação de Cristo é deploravelmente deturpada pelo evangelista moderno. Eles anunciam um Salvador do inferno ao invés de um Salvador do pecado. E é por isso que muitos são fatalmente enganados, pois há multidões que desejam escapar do Lago de fogo, mas que não têm nenhum desejo de ficarem livres de sua pecaminosidade e mundanismo. Sem santificação ninguém verá o Senhor.
Os Evangélicos modernos procuram encher suas igrejas de analfabetos bíblicos, convencendo-os que eles irão para o céu, simplesmente porque levantaram a mão e fizeram uma oração, como sinal de aceitação de Jesus como Salvador, e que Ele vai lhes dar o sucesso familiar, social e financeiro, se tiverem um nível de moralidade considerável e forem dizimistas fiéis; o que se constitui propaganda enganosa.
Muitos dizem não ter vergonha do evangelho, mas são uma vergonha para ele. A primeira geração de cristãos pós-modernos já está aí. São crentes que pouco ou nada sabem da Palavra de Deus e demonstram pouco ou nenhum interesse em conhecê-la. Cultivam uma espiritualidade egocêntrica, com nenhuma consciência missionária. Consideram tudo no mundo muito “normal” e não veem nenhuma relevância na cruz de Cristo. Acham que a radicalidade da fé bíblica é uma forma de fanatismo religioso impróprio e não demonstram nenhuma preocupação em lutar pelo que creem.
Você sabia que 80 á 90% das pessoas que “aceitam a Cristo” em trabalhos evangelísticos se “desviam” depois? O motivo de tudo isso tem sido esse evangelho centrado no homem que é pregado nos púlpitos, nas TVs e nas casas, onde o bem-estar e a prosperidade tem se tornado “mais valiosos” que o próprio sangue de Cristo. A graça já não basta mais (apesar dos louvores e acharmos Cristo tão meigo). O que nós realmente queremos é “o segredo” para sermos bem-sucedidos. Desejamos “uma vida com propósitos” para taparmos com peneira o vazio que sentimos. O Vazio de um espírito morto que somente Deus pode ressuscitar. Queremos “o melhor de Deus para nós” nesta vida, no lugar de tomarmos a nossa cruz e de negarmos a nós mesmos. Queremos conhecer “as leis da prosperidade” mais do que o Espírito de Santidade; e, para nos justificarmos, tentamos ser pessoas auto-motivadas e de alta performance, antes de sermos cristãos cuja alegria está em primeiro lugar Nele; e santos bem aceitos pelo mundo a despeito das Palavras de Jesus contrariar esse posicionamento.
A falha do evangelismo atual reside na sua abordagem humanista. Esse evangelho é francamente fascinado com o grande, barulhento, e agressivo mundo com seus grandes nomes, o seu culto a celebridade, a sua riqueza e sua pompa berrante. Para os milhões de pessoas que estão sempre, ano após ano, desejando a glória mundana, mas nunca conseguiram atingi-la, o moderno evangelho oferece rápido e fácil atalho para o desejo de seus corações. Paz de espírito, felicidade, prosperidade, aceitação social, publicidade, sucesso nos negócios, tudo isso na terra e finalmente, o céu. Se Jesus tivesse pregado a mesma mensagem que os ministros de hoje pregam, ele nunca teria sido crucificado.
Hoje temos o espantoso espetáculo de milhões a ser derramado na tarefa de proporcionar irreligioso entretenimento terreno aos chamados filhos do céu. Entretenimento religioso é, em muitos lugares rápido meio de se esvaziar as sérias coisas de Deus. Muitas igrejas nestes dias tornaram-se pouco mais do que pobres teatros de quinta categoria onde se "produz" e mercadeja falsos “espetáculos” com a plena aprovação dos líderes evangélicos, que podem até mesmo citar um texto sagrado fora de contexto em defesa de suas delinquências. E dificilmente um homem se atreve a levantar a voz contra isso.
A maioria dos crentes não acredita que a Bíblia diz o que está escrito: acreditam que ela diz o que eles querem ouvir. Contornar a Palavra de Deus e chamar os nossos desejos de direção divina, só leva à multiplicação do pecado. Há muitos vagabundos religiosos no mundo que não querem estar amarrados a coisa alguma. Eles transformaram a graça de Deus em libertinagem pessoal e muitas vezes coletiva. Se você crê somente no que gosta do evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em você mesmo.
Ai de vocês que pregam seu falso evangelho, transformam a casa de Deus em comércio. Vendem seus CDs, vendem seus falsos milagres, vendem suas falsas unções, vendem falsas promessas de prosperidade, enquanto na verdade só vocês têm prosperado. Como escaparão do juízo que há de vir?


"Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: "Dura é essa palavra. Quem consegue ouvi-la?" Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido." Joã 6:60;66-65

- Conteúdo adaptado a partir de algumas ideias e textos de diversos autores Cristãos.

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Aprovado e subscrito pelo Eclesia.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Culto na sua igreja é bom?


“O Senhor Jesus Cristo nos ensina que devemos adorar a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.23-24). No contexto em que o Senhor Jesus proferiu estas palavras, que é o encontro com a mulher samaritana e a discussão sobre o local da adoração a Deus, adorá-lo em espírito significa não adorá-lo em um único local sagrado e exclusivo, como era o templo de Jerusalém, mas em qualquer lugar, desde que a atitude esteja certa. O que importa não é ‘onde’, mas ‘como’”.

Este trecho foi extraído da Carta Pastoral e Teológica sobre liturgia na IPB, produzida no ultimo Supremo Concilio da igreja e distribuído às igrejas locais este ano. Ele nos induz a uma reflexão pessoal sobre o culto que temos oferecido a Deus.

Não é difícil notar que a cultura materialista e imediatista de nossos dias tem interferido significativamente na nossa concepção de culto e vida religiosa. Entramos em um circulo vicioso de trabalho e busca de crescimento pessoal, que a vida religiosa se tornou apenas isso – religiosidade ensimesmada, sem sentido e meritória. Senão vejamos:

Muitos de nós só vai à igreja para cumprir um compromisso formal, ao qual se acostumou ao longo dos anos. Este estilo de religião existe apenas para atender a si mesma. Apenas cumpre com seus costumes e normas. Não há vida. Não há entendimento. Só um mecanismo de retroalimentação onde nem mesmo o individuo religioso cresce, ele apenas incha.

Muitos de nós procuramos a igreja mais intensamente apenas quando necessitamos de oração por determinada situação que estamos vivendo. É uma cultura experiencialista. Cada busca é motivada por um desejo experimental específico como uma casa, um carro, um emprego, um marido ou esposa, etc. A cada desejo conquistado, busca-se outro desejo para substituí-lo a fim de continuar produzindo motivação ao “culto”. Isso é um circulo vicioso. Uma vida em voltas, sem rumo, sem objetivo, sem sentido algum.

E por fim a grande maioria de nós confia que seremos salvos apenas porque estamos em uma igreja. Ainda que neguemos isso, essa é a realidade. Esperamos que Deus nos veja e se lembre de quanto ajudamos nos louvor da igreja, de quanto nos afadigamos nos trabalhos das sociedades internas, ou mesmo de nossos relatórios de final de ano e se compadeça de nós deixando-nos entrar no seu Céu. Isso é religião meritória e não é fruto de fé e graça.

O culto que Deus requer de nós é muito mais que uma mera expressão externa de formalismo religioso. É muito mais que um simples vir, comparecer à igreja e assistir a um culto. Aliás esta é uma expressão que me dói aos ouvidos. Não existe a idéia de “assistir um culto”. Culto é prestado, é oferecido e isso em um exercício, trabalho, serviço pessoal de adoração a Deus. É sacrifício “vivo, santo e agradável a Deus (...) culto racional” (Rm 12.1,2).

Culto é uma expressão interna de uma vida realmente mudada que se prostra com alegria e temor, compreendendo sua real condição de miserável pecador e dependente exclusivamente da Graça do Senhor.

E aí? Continua achando que o culto na sua igreja é bom? Se é, pra quem?

Pense nisso!

Marcelo Batista Dias

E depois do batismo no ônibus....

Quem desejar mais informações pode acessar o Genizah, de onde eu garimpei esta "pérola". O artigo do Danilo dispensa acréscimos.

Metro de Gizuz from Genizah on Vimeo.

De heroína a Jesus.



Estava ouvindo uma música "lado b" da legião urbana chamada "L'age d'or" e o Renato Russo canta uma frase maravilhosa! Ela diz assim: "Já tentei muitas coisas, de heroína a Jesus, tudo que já fiz foi por vaidade".

O que isso quer dizer? Primeiro que não existe diferença entre você se tornar dependente químico ou crente se for pra dar satisfação pra alguém, se for por vaidade. Segundo que ambos feitos com essa motivação só possuem um efeito, alienar as pessoas.

Enquanto estivermos andando com Deus pelo status que Ele pode me dar, pelas bençãos que Ele pode me fornecer, pelo fato de que nos dias de hoje é bom ter uma religião, emitimos um atestado de vaidoso ao nosso ser e investimos tempo em um jesus errado, e quem segue um jesus errado pode desembarcar no céu errado.

A vida não tem graça se eu for um eterno vaidoso. ela só passa a valer alguma coisa quando me reconheço como mero pecador, que foi aceito pela graça de Deus e não por algum merecimento. Os vaidosos vivem se auto elogiando, pra mim, o auto elogio fede. Que nosso ego seja suplantado pelo imensurável amor de Deus que nos convence do pecado, da justiça e do juízo.

E no mais, tudo na mais santa paz!

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