sábado, 3 de novembro de 2012

Salmo 2012


Salmo de Marcelo Batista Dias, quando estava pensando sobre a baderna que virou o cristianismo hoje. Para reflexão e lamento.

1.    Onde estás oh Deus!? Tenho visto algumas coisas acontecerem e me sinto um pouco assustado. Digo a mim constantemente: Como Deus pode deixar que pessoas mundanas e ímpias consigam criar histórias muito mais atrativas que sua Palavra? Como pode o Altíssimo permitir que novelas, filmes e séries de TV tenham mais sucesso que as Palavras que Ele inspirou há tantos anos?
2.    Como pode o SENHOR permitir que shopping center’s sejam mais atrativos e empolgantes que sua própria casa? Não vê o Altíssimo quando aqueles por quem Seu Filho morreu numa cruz encontram mais prazer nos vídeo games e internet do que em conversar com Ele?
3.    Como pode o Eterno permitir que homens se levantem em seu nome arrastando multidões atrás de si em busca de uma vida de riquezas e facilidades neste mundo?
4.    Porque te calas oh Senhor quando sexo, títulos, graduações, empregos, casas, carros, comida, se tornam mais atrativos que a busca por Tua glória celestial?
5.    Lembro-me, contudo de quem é o SENHOR. Lembro-me de que Tua Lei é perfeita e que suas Palavras são mais doces que o mel e o destilar dos favos.
6.    Lembro-me dos grandes feitos de Deus para com seu povo. Lembro-me da Cruz. De todas as Palavras que Ele disse prevendo que isso aconteceria. Lembro-me de que Ele mesmo diz que “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. Lembro-me de sua graça para comigo e exalto ao Senhor dos Exércitos.
7.    Não estás escondido oh Senhor. Tens em tuas mãos todo domínio. Tudo contemplas com seus santos olhos. E ao fim de tudo revelarás o que está no coração dos homens.
8.    Para sempre serás exaltado oh Rei Eterno! Mas aqueles que andam atrás daquelas coisas, seu fim será lastimável. Como chorarão aqueles que trocam o Senhor por outros deuses!
9.    O SENHOR sempre será honrado em tudo o que faz. Mas aqueles que desprezam sua graça irão sempre de mal a pior.

Marcelo Batista Dias

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Cristianismo e Política



   As eleições municipais estão se aproximando e nosso contexto atual não está muito propício ao otimismo. A crise de liderança política atinge a todas as nações e a nossa tem sofrido muito. Diante disso qual deve ser nosso papel como cristãos? Isolar-nos e rejeitar todo e qualquer envolvimento político? Ou será que devemos criar um partido ou nos associar a candidatos do meio evangélico para defender os interesses da igreja?
   Por perceber a necessidade de responder essas perguntas, resolvi escrever esse artigo. 
  Muitos cristãos tem se aventurado na política sob pretexto de salvar a igreja dos ataques do mundo. Alguns se envolvem em partidos cujos ideais são opostos ao aos ideais cristãos e ainda acham que vão transformar o mundo. Mas infelizmente não é isso que muitos dos candidatos que usam o evangelho como plataforma de governo tem em mente. Há uma busca de interesses denominacionais, partidários e até mesmo particulares.
   Existem candidatos que entram na política para defender sua denominação. Eles se ajuntam e formam um colégio eleitoral onde se comprometem a eleger o candidato tal, que é da denominação tal, para defender os direitos dela.
  Outros são lançados na política com interesses puramente eleitoreiros. São partidos que enxergam o público evangélico como uma grande fatia do mercado e investem nos candidatos evangélicos apenas para eleger seus partidos.
  E há aqueles cujo objetivo maior é apenas a satisfação de seus interesses pessoais. Quanto a estes não tenho muito o que dizer. Seus objetivos falam por si só.
  Eu reconheço que há muito que mudar no quadro político do país. E que a idéia de candidatos com princípios cristãos seja muito tentadora do ponto de vista ético para consertar esta situação. Mas será que só o fato de ser cristão habilita alguém a um cargo publico?

Somos criaturas políticas

  A política é um dom de Deus. É por causa da imagem de Deus no homem que este é um ser político.
  Numa conceituação moderna, política é a ciência moral normativa do governo da sociedade civil[1]. Neste sentido, política está relacionada ao mandato social. Já no ato da criação o Senhor deu ao homem tarefas políticas: crescer, multiplicar, cultivar o jardim... todas essas ordens são políticas.
  Por isso o problema não é com a política, mas com o homem. Por causa da queda, a corrupção do pecado afetou toda capacidade humana de desenvolver de forma correta o potencial que Deus lhe deu na criação. A política não é corrupta, os homens políticos (falo de todos os homens em geral e não apenas candidatos) é que são. Por isso o papel do cristianismo na política é de grande importância.
  O cristianismo não é uma religião meramente restrita aos atos de adoração litúrgica nos templos cristãos. O cristianismo é uma religião de princípios que afetam a maneira de enxergar a vida em todas as suas áreas. Paulo diz que a Escritura, que é a única regra de fé e prática, é capaz de tornar o homem “perfeito para toda boa obra” (2 Tm 3.16,17). Isso inclui a política.
  Quer dizer que todos os cristãos devem se tornar candidatos ao um cargo público? Não! Isso é apenas para mostrar que nós não podemos nos alienar da política e viver como se não tivesse nada a ver conosco.
  O papel da Igreja é ser instrumento de Deus na obra de salvação que faz do homem uma nova criatura capaz de exercer os dons que Ele deu em todas as áreas da existência humana, inclusive na política. O papel da Igreja é pregar o evangelho que transforma vidas. É manter um comportamento ético que faça diferença além dos muros do templo.
  E se algum cristão tem o dom e o chamado para política pública, este deve assumir sua responsabilidade e exercer seu mandato guiado por uma cosmovisão bíblica. E a igreja deve orar por ele encomendando-o à graça de Deus. Isso significa que devemos formar um partido cristão, ou manifestar apoio público a algum candidato cristão?

Política para todos

  Muitos cristãos tem se candidatado a cargos públicos. Muitas igrejas têm buscado votar em candidatos de suas denominações. E isso não é pecaminoso se a motivação for um governo justo para todas as pessoas e não apenas para defender interesses pessoais e ou de um grupo em detrimento da maioria.
  Na Teologia Bíblica existe um aspecto da doutrina da Graça chamado de Graça Comum. Esta é aquela ação proveniente da graça de Deus pelo qual ele cuida e sustenta todos os homens em geral, e age no mundo de tal maneira a restringir os males de suas ações, e por meio delas, proclamar Sua Glória.
  A graça comum inclui a capacidade dos homens de produzir arte, tecnologia, avanços científicos, zelar pela ética e pela moral, ainda que sejam corruptos e não tenham qualquer temor de Deus em seu coração. Deus é quem faz isso para que sua glória seja proclamada e o mundo viva em razoável tranqüilidade.
  Dentro da graça comum está a capacidade política do ser humano. Uma pessoa pode não ser cristã e ainda assim realizar um governo excelente em prol de todos e não apenas de alguns, como deve ser a política bem feita.
  Cristãos que foram devidamente vocacionados por Deus para a política, que exerçam uma liderança eficaz para todas as pessoas, que demonstrem capacidade para assumir o que o cargo público exige, devem ser o alvo de nossas orações e votos.
  Não apenas pelo fato de ser crente, mas de ser habilitado para isso. Cristãos que se candidatam apenas para defender igreja devem ser rejeitados. Por sua graça, Deus cuida do bem comum de todos e não apenas de alguns. Não devemos ser partidaristas, mas correspondendo ao mandamento de amar ao próximo devemos selecionar aqueles que de fato estão interessados no bem estar comum, sejam crentes ou não.
   Lembremos que Deus é glorificado em tudo, quer na vida correta do justo, sobre os quais resplandece sua graça e misericórdia, quer na impiedade dos ímpios, sobre os quais pesa sua ira e justa condenação.   
  Assim não é obrigatório votar em cristãos, mas é imprescindível votarmos naqueles que foram dotados por Deus de habilidades governamentais e de liderança, quer sejam crentes ou não. Isso demanda atenção, oração e cuidado na hora da escolha.

 Concluindo, nós cristãos temos um papel singular na política pública. Temos a responsabilidade de pregar o evangelho que habilita o homem para toda boa obra; a responsabilidade de incentivar àqueles que foram dotados por Deus para o exercício da política pública; a responsabilidade de votar consciente e em busca do bem comum; e a responsabilidade de orar por aqueles que se acham investido de autoridade.   


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Manifesto dos Pastores Batistas Clássicos

Vi no Tipo sem Tipo e estou reproduzindo aqui louvando a Deus que continua cuidando de sua igreja e levantando sempre homens com desejo sincero de retorno às Escrituras. 
É longo, mas é deleitoso ler este texto.
A imagem eu copiei do Resistência Protestante.
Marcelo Batista Dias
Ecclesia.
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No último sábado, dia 26 de maio de 2012 foi organizada a ORDEM DOS PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL. A reunião ocorreu nas dependências da Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil. O encontro, além de criar a organização, gerou um manifesto, o qual transcrevemos a seguir, autorizando toda a mídia interessada a publicar o texto para o conhecimento da coletividade evangélica:

Há menos de cinqüenta anos havia um jeito próprio de ser batista. Na ortodoxia doutrinária tínhamos uma mesma hermenêutica para a interpretação bíblica. Havia seminários credenciados no preparo de pastores. Havia editoras confiáveis para a aquisição de literatura teológica de alto nível. Havia confissão doutrinária nas instituições de ensino teológico. Não havia discussão pneumatológica. Éramos todos conservadores: não aceitávamos o falar em línguas estranhas como dom atual do Espírito Santo, não tínhamos curandeiros na prática de supostas curas, não admitíamos profecias ou revelações extra-bíblicas e não possuíamos pastoras ou apóstolos no rol de obreiros eclesiásticos.

A liturgia de culto era do tipo reformada. O púlpito ficava no centro das atenções, pois a pregação bíblica tinha importância crucial. A música era religiosa, era sacra, direcionava a igreja no ato da adoração, transmitia mensagens cantadas e apelava evangelisticamente ao pecador inconverso. Não havia "números especiais", mas "participações no culto". Não havia "equipes de louvor", mas músicos, cantores, orquestra, coro e instrumentistas. Os oficiais mantinham reverência, uma postura de formalidade sagrada, apresentando-se bem trajados, pois compreendiam estar realizando algo sublime.

Os pregadores buscavam a excelência, numa linguagem sadia e rica, numa prédica bem lógica e num sermão bem formatado, pois criam estar formando opiniões e entendiam que seus auditórios eram compostos de pessoas inteligentes e sensatas, que cresceriam na cultura e no conhecimento bíblico.

As relações entre igrejas eram de, no mínimo, entre "co-irmãs", isto é, que tivessem o máximo de pontos de igualdade e o mínimo de divergências. Assim, era comum o intercâmbio entre igrejas batistas, às vezes entre batistas e protestantes, mormente presbiterianos, mas praticamente nunca com igrejas pentecostais.

Os ritos de oração eram ordeiros: alguém orava e outros acompanhavam com "amém" intercalado, ou diziam pequenas frases baixas, para não atrapalhar nem quem orava e nem o auditório. Os crentes possuíam ética comportamental por onde iam: não participavam de danças ou bailes, suas filhas não celebravam aniversários de quinze anos em programação idêntica a das debutantes seculares, não iam a cinemas e teatros com programa e auditório indecentes, não bebiam nem em casa e nem socialmente, não falavam palavrões, não contavam piadas chulas, não participavam de arruaças, não compartilhavam de cultos ecumênicos, não assistiam novelas imorais.

Os pastores tinham postura diferenciada na sociedade: não faziam dívidas que não pudessem pagar; andavam decentemente trajados e não participavam de diversões que colocassem em risco sua postura sóbria e solene de ser; eram hospitaleiros e queridos; buscavam aprimorar sua cultura; tinham sólida formação teológica e sabiam defender a sua fé; eram leais no matrimônio, cordatos nas relações, graves em suas colocações; não compactuavam com os pecados do rebanho, mas disciplinavam com coragem e determinação; não pregavam auto-ajuda, mas anunciavam o "assim diz o Senhor".

Pastores batistas não participavam de organizações pentecostais, não aceitavam ceder a fé em prol do convívio pacífico com outros cristãos. Eram leitores contumazes, eram mestres do bem, eram elegantes em suas colocações, eram destacados na sociedade.

A Ordem dos Pastores funcionava como um centro de reciclagem teológica, de recuperação espiritual, de convívio com os pares e de referência para o ministério. Seus encontros eram todos considerados solenes, não havendo espaço para transformá-los em meras reuniões informais de amigos. Tudo era visto com extrema importância e valor.

Mas meio século se passou. O tempo trouxe mudanças radicais na sociedade, nas regras sociais, e, para surpresa e decepção nossas, nas igrejas e na postura pastoral dos batistas.

A hermenêutica tornou-se de múltipla escolha. Hoje a filosofia que impera na interpretação bíblica é a relativista: o que vale para uma igreja, ministério, pastor, época ou situação podem variar inesgotavelmente. Cada um interpreta a bíblia a seu bel-prazer.

Não há mais um seminário ou uma rede de seminários dignos para preparar os pastores; hoje qualquer um busca preparo onde desejar, independentemente da confissão de fé que a instituição tenha. Assim, há pastores formados em instituições pentecostais, ecumênicas, fundamentalistas, protestantes e batistas liberais. A literatura evangélica consultiva tornou-se extensa e comercial.  A cada mês surgem novas versões bíblicas, novas teorias da Alta Crítica, novas filosofias de ministério, novas propostas de crescimento de igreja, novos sistemas mirabolantes de revolução eclesiástica, e nossos obreiros, seduzidos pelo crescimento rápido, fácil e abundante, cedem ao canto da sereia e à lábia da serpente.

Hoje é "pecado" dizer-se cessacionista. Mais da metade dos pastores batistas crêem em manifestações pentecostais, ainda que veladas, ainda que não confessadamente como sinais do Batismo do Espírito Santo. Outros, muito mais ousados, transformaram suas igrejas em autênticas agências neopentecostais, com cópias malfeitas do sistema dessas seitas: noite dos empresários, sessão de descarrego, quebra de maldições etc.

Há igrejas batistas com ações tão pentecostais que chegam a assustar os próprios membros de igrejas carismáticas.  Há pastores que procuram "açucarar" a questão pentecostal, tolerando quem faz suas investidas em casa ou em reuniões de grupos pequenos, sem causar tumulto no ato público geral. Outros tentam conciliar o irreconciliável, tecendo longos discursos inócuos que não dizem absolutamente nada. Há ainda os que se sentem tão doutos, tão gabaritados nas línguas mortas que crêem ser os próprios oráculos da fé, aptos para interpretar a pneumatologia à luz de sua própria auto-suficiência.

O púlpito foi para o canto ou transformou-se em apetrecho desnecessário. A plataforma das igrejas transformou-se em palco para shows. Normalmente os instrumentos musicais, equipamentos eletrônicos e outros elementos de mídia ocupam todo o espaço. Não há diferença dos palcos de programas televisivos.  Geralmente, o pastor é o animador de auditório. Há os dançarinos, que ocupam a parte de baixo, rapazes e moças, com roupas de balé ou de candomblé (esvoaçantes e de tecidos soltos) fazendo coreografias de acordo com o ritmo, com o tema ou com o momento vivido no culto.

Os músicos seguem a moda: ou tocando rock ou músicas chamadas de "comunidade, louvor e adoração" ou emotivas como as dos mantras da Lagoinha. Geralmente há as "ministrações" que são simulacros de manifestações pneumatológicas, onde os dirigentes dizem receber mensagens, falando "assim diz o Senhor". Há também aqueles "ministradores de louvor" que fazem pequenos sermões entre músicas, ocupando praticamente o culto todo. Na hora do sermão do pastor não há mais o que pregar ou não há mais tempo ou não há mais paciência para ouvi-lo. Na verdade diluiu-se o púlpito em cápsulas de nada.

Hoje se paga para alguém louvar a Deus. Convidam-se grupos de sucesso, cantores de mídia ou "testemunhadores" profissionais que consigam atrair grande público, aos quais se paga um bom cachê, além de dividir a oferta da noite; práticas essas neopentecostais declaradas, que se transformaram em praxe moderna de cultos protestantes.

Os pregadores perderam a homilética, transformando-a em prática de palestras seculares de auto-ajuda. Não há mais diferença entre prédica, sermão, oratória sacra e palestra de auto-ajuda. A tecnologia, que deveria ser apetrecho para auxiliar os palestrantes, tornou-se moda e muleta, pois os pregadores modernos não sobem ao púlpito sem um notebook e uma tela para datashow. Seus sermões estão cheios de cliparts, de powerpoints, de músicas de Yanni ao fundo, um misto de paganismo com palestra empresarial. E os seus temas? "Matando sete leões por dia", "como vencer as barreiras", "a arte de transformar derrotas em vitórias" etc. Geralmente, seus compêndios preparatórios são as publicações da internet, são os ícones da mídia evangélica que publicam em pequenas quantidades as suas adaptações do que aprendem em palestras de hotéis e cursos de vendas. Há pastores que se limitam a comentar as manchetes dos jornais do dia ou ler as orelhas dos últimos livros da editora preferida ou então tecem críticas sobre política, novelas,  esportes ou ainda sobre eventos denominacionais.  Falar sobre Céu, Inferno, salvação, perdição, moral, espiritualidade, ética, tudo isso fica para alguma resenha no boletim ou algum suposto curso teológico para leigos, que geralmente não passa de um livreto americano mal traduzido e mal aplicado. Resultado: igrejas às vezes até cheias, porém fracas, sem bíblia, sem doutrina, sem espiritualidade.

A linguagem no púlpito tornou-se também coloquial. No afã de transformar a prédica em algo inteligível para todos, ousou-se mudar também a língua, rebaixando-a ao seu mais ínfimo nível. Assim, não é raro ouvir palavrões na pregação. Palavras feias, chulas, frases de mídia, chavões, português mal aplicado, tudo ao gosto da modernidade. Assim como a mídia faz questão de trazer a linguagem dos antros e dos redutos da imoralidade para a tela e para os lares, os púlpitos refletem também a mesma pobreza, mau gosto e qualidade: púlpitos feios, chulos e pecaminosos.

As igrejas batistas passaram a não se distinguir mais em seus distintivos. Assim, intercambiar ou fazer coisas com igrejas de qualquer fé e ordem transformou-se em algo normal. Já é possível ver vigílias entre igrejas batistas, pentecostais e neopentecostais. É comum ver igrejas batistas e igrejas católicas realizando atos sociais e cultos ecumênicos. Tornou-se prática habitual a realização de "marchas para Jesus" ou "louvorzões" ou "congressos", com "ministrações" pentecostais em seu bojo. Pastores batistas, inclusive pessoas da diretoria da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil e das convenções brasileira e estaduais, participam de organizações de pastores ecumênicos, onde seus presidentes são "apóstolos" ou "bispos", sem o menor constrangimento. Numa convenção estadual, o seu executivo é tesoureiro de uma organização ecumênica de pastores. Com efeito, os limites do aceitável e do não recomendável transformaram-se em nada!

O ministério pastoral batista transformou-se de forma aviltante. Hoje nós já temos apóstolos. Sim. O que era considerado heresia há cinqüenta anos (era consenso geral que apóstolos foram as testemunhas oculares do ministério de Jesus, incluindo sua morte e ressurreição e estava restrito aos doze, ou, quando muito, ao grupo próximo dos doze),  hoje transformou-se, pela atual ciência da má interpretação bíblica, uma "opção ministerial", uma "restauração do ministério cristão". Tomou-se o termo, deu-se a tradução e aplicou-se de forma contemporânea a sua eficácia. Então, temos hoje, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, os primeiros apóstolos batistas convencionais.

Não diferindo na má interpretação hermenêutica, temos atualmente pastoras. Mulheres, que antes serviam a Deus nas qualificações e ministérios bíblicos claros e definidos, agora invadiram o pastorado também. Claro, sob a ótica e a égide dos tempos modernos, das supostas "conquistas", as mulheres precisavam tomar também esse "reduto machista", que é o ministério pastoral. Já temos mais de duzentas pastoras batistas convencionais. Os seminários batistas não apenas aceitam a realidade como já mantém cursos específicos para suprir essa "demanda eclesiástica". Há cinqüenta anos isso era impensável, porém hoje se considera "pecado" e "opinião politicamente incorreta" ser contra o pastorado feminino.  Nossas instituições cooperativas posicionam-se cada vez mais favoráveis. E os pastores que mantém sua fé cristã batista ortodoxa são cada dia mais execrados, sem espaço, sem opinião, fadados e relegados ao ostracismo e à marginalidade funcional.

Com tudo isso, a nova moralidade também tomou conta de nossas igrejas. Não há mais limite entre o sacro e o profano. Hoje há bailes dentro das igrejas. Há festas de fantasias. Há "baladas". Casamentos há que terminam seus festejos com verdadeiras discotecas nos salões sociais. A bebida alcoólica transformou-se em coisa comum. O sexo entre jovens e adolescentes agora é tolerado. Há igrejas distribuindo preservativos às uniões de jovens.  Há acampamentos que terminam em bebedeira. Há igrejas batistas que participam do Carnaval com escolas de samba e com bailes de máscaras. Estamos numa situação tão ridícula que custa-nos a acreditar. Já há sex-shop gospel!

Junto a isto, soma-se o grave pecado dos "teólogos da corte", frase cunhada por um padre católico ortodoxo. É a mistura entre a Igreja e o Estado, a troca de favores, o recebimento de terrenos do Estado para a construção de igrejas; os pastores a transformar seus púlpitos em plataformas políticas ou em trampolins para se lançarem candidatos a funções públicas, igrejas que se tornam meros centros de convivência social a serviço da política, congregações que recebem verbas do governo para realizar aquilo que deveriam fazer às suas próprias expensas. É o mesmo que aconteceu com Israel no passado, é o mesmo que aconteceu com a igreja romana e Constantino, e é o mesmo que acontece agora entre batistas e os partidos trabalhistas ou governamentais desta época. Religião e política misturadas.

A nossa Ordem de Pastores está realmente representando o ministério pastoral batista? Está ela contribuindo para a nossa edificação, reciclagem teológica, fundamentação bíblica e compartilhamento fraterno sadio? Ou estaremos nos tornando "peixes fora d'água" no meio de um oceano de novidades e de práticas incompatíveis com os ensinamentos bíblicos que recebemos e nos quais cremos? 

A impressão que se tem é que temos que pedir desculpas aos colegas cada vez que nos afirmamos cessacionistas ou que não apoiamos o ministério pastoral feminino ou que não cremos em apóstolos modernos ou que não aceitamos sistemas mirabolantes de crescimento ou que divergimos de campanhas esdrúxulas de 40 dias, de 100 dias, de semanas ou de novenas.

Parece que é crime ser batista tradicional e clássico no meio dos colegas modernos, que são a vasta maioria. Somos considerados retrógrados, quadrados, ultrapassados, imbecis, xiitas, conservadores, fundamentalistas, reacionários, museus ambulantes, doentes mentais etc. Para um bom convívio, temos de dizer que "juntos somos mais" ou  "minha vida, impacto para as nações". Temos que receber os dvds das juntas missionárias cheias de coreografias e aceitar isso como bom. Temos que cantar a mesma música, rezar na mesma cartilha, praticar a mesma campanha, bajular os mesmos ícones, ler as mesmas aberrações, tudo em nome do "bom convívio e da harmonia". E bem sabemos: não seremos convidados sequer para fazer uma oração silenciosa, uma vez que os cargos são marcados, numerados e direcionados a quem aglutina, a quem bajula, a quem aceita tudo.

Não foi isso que os saudosos pastores Salvador Farina Filho e Rubens Lopes,em São Paulo, e José de Souza Marques, na Bahia, pensaram, ao criarem as ordens de pastores batistas de São Paulo e do Brasil, respectivamente (1942 e 1940).

Sem nenhum cunho separatista ou de cisão pela cisão, queremos registrar o nosso protesto contra toda essa situação teratológica que vivemos neste início do século XXI e fazer uma proposta para ações concretas de retorno à sensatez, à sã doutrina e aos valores basilares de nossas instituições.

Nós protestamos.

Protestamos contra a dança e a coreografia no culto que prestamos a Deus e em nossas igrejas batistas. O culto que agrada a Deus não é estético, é espiritual; não é profano, é sacro; não é fundamentado na sociologia e na antropologia, mas na teologia.

Protestamos contra as igrejas batistas que transformaram suas plataformas de púlpito, obreiros e músicos em palcos para a realização de espetáculos! O culto não é show!

Protestamos contra aqueles que defendem os dons de sinais como contemporâneos às igrejas. Protestamos contra os atuais profetas de igreja, contra aqueles que dizem receber revelações extra-bíblicas, contra aqueles que dizem ter "ministrações" em português ou em línguas estranhas.

Protestamos contra a teologia da prosperidade, que invade a nossa teologia e os nossos cultos, escravizando o povo ao mero sucesso financeiro em detrimento da verdadeira riqueza celestial!

Protestamos contra as unções que inventaram para a atualidade! Nós não cremos - e desafiamos quem crê -   a mostrar-nos nas Escrituras Sagradas as tais "unção de primogenitura", "unção de conquista", unção apostólica" ou quaisquer outras!

Protestamos contra a existência de apóstolos modernos, pois não houve nem sucessão nem restauração deste ministério. Eles, os bíblicos, foram suficientes e foram escolhidos por Cristo. Nós somos apenas auxiliares do Supremo Pastor, nada mais que isso. Não há mais apóstolos!

Protestamos contra sistemas de crescimento de igreja que tendem a transformá-las em fábrica de adeptos ou postos de venda de grandes indústrias religiosas. Protestamos contra esquemas mirabolantes de ampliação e de modificação de igrejas, à luz de supostos líderes evangélicos que mantém fé dúbia e pouco ortodoxa! Protestamos contra G12, M12, contra Igrejas Com Propósitos ou qualquer outro sistema que queira impor uma eclesiologia diferente a uma igreja batista!

Protestamos contra o pastorado feminino! Mulheres e homens são iguais perante Deus; mulheres e homens têm livre acesso ao Senhor. Mas mulheres têm funções diferentes das dos homens e nas páginas da bíblia não foi confiado às mulheres o ministério pastoral. Isto não as desmerece diante dos homens. Deus nos criou com ministérios diferentes e nós  ainda cremos na Bíblia sem precisar mudá-la, ampliá-la ou adaptá-la! Não reconhecemos o ministério pastoral feminino batista!

Cremos na Bíblia como única Palavra de Deus, inerrante, verdadeira, fiel, isenta de manchas ou erros. Nós cremos na Bíblia e só na Bíblia. Não precisamos de novos intérpretes, novas versões ou traduções contemporâneas para compreender qual é a Palavra de Deus revelada. Protestamos contra as versões modernas e adulteradoras da Palavra e não aceitamos a chamada re-leitura das Escrituras!

Protestamos contra o culto antropocêntrico, que faz do homem e de suas necessidades a razão de ser das atividades eclesiásticas e religiosas. Protestamos também contra todo culto que não seja direcionado a Deus! Protestamos contra o culto que exalta o homem e que busca a glória humana!

Rejeitamos o ecumenismo e não admitimos uma fé misturada com paganismos, tradições, modismos e  com opiniões meramente humanas. Protestamos contra igrejas batistas que perderam os seus distintivos, os seus princípios, as suas raízes e se tornaram meras agremiações liberais religiosas!

Protestamos contra as organizações eclesiásticas dominadoras, que querem transformar as igrejas em entidades dirigidas por uma convenção ou associação. Nós ainda cremos na autonomia das igrejas locais e na independência das igrejas! Cremos na cooperação dos batistas, mas não na intromissão das entidades na administração local. Protestamos contra a tendência atual de bispado e de sedes eclesiásticas para batistas!

Protestamos contra o modernismo religioso, contra o liberalismo teológico, contra o evolucionismo e neopentecostalismo que já encontramos em nossas literaturas batistas e em nossos seminários infiéis.

Sim. Somos protestantes.

E, à luz do nosso protesto, anunciamos aos colegas, aos pastores que ainda vêem com seriedade o ministério cristão batista: criamos uma nova ordem alternativa de pastores. Uma ordem baseada em nossa comunhão batista clássica, em nossas raízes e aspectos distintivos, em nossa comunhão cristã ortodoxa e sem liberalismo. Uma comunhão de pastores concordes, que pensam da mesma maneira, que lutam a mesma batalha, que possuem a mesma opinião. Uma ordem que nos dê um rumo, uma luz, um norte, que seja um referencial, que tenha a seriedade de assumir posições, que sirva de organização em nível geral de colegas de opiniões semelhantes. Que seja uma entidade com VEZ e VOZ, que expresse aquilo que muitos de nós gostaríamos de dizer mas que, infelizmente, nem sempre poderíamos ser ouvidos isoladamente. Uma ordem de pastores batistas clássicos, conservadores, tradicionais, bíblicos.

"Andarão dois juntos se não houver entre eles acordo?" Amós 3.3.

Esta ordem terá critérios claros para os seus membros. Os critérios seriam exatamente aqueles que foram foco do protesto que fizemos logo acima, fruto da observação de todas as coisas que nos causam tanto aborrecimento e perplexidade.

Esta ordem se transformará num autêntico "selo de qualidade de obreiro batista". Quem for associado dela terá uma recomendação muito boa a seu respeito, pois seus membros serão reconhecidos como bem doutrinados, conhecedores da Palavra de Deus, de moral ilibada e de vida espiritual reconhecida. Assim eram os pastores da Ordem dos Pastores antigamente.  A nossa carteirinha, à moda antiga, com páginas para carimbo.

Esta Ordem promoverá a comunhão entre os obreiros de mesma opinião. Tal comunhão seria conseguida através de correspondências, encontros, redes sociais, amizades verdadeiras, discipulados, "pastoreamento" entre os colegas, bem como o compartilhamento de experiências.

Também preparará novos obreiros. É bom que se diga que não é o seminário que faz o bom pastor. Muitos dos nossos pioneiros eram autodidatas, não fizeram cursos formais de teologia. Infelizmente, hoje há seminários que mais estragam os candidatos do que os preparam para o ministério. A nossa ordem poderá desenvolver o seu próprio preparo teológico para os seus obreiros, com seminário à distância, e/ou presencial, publicação e recomendação de boas literaturas teológicas para os seminaristas. No caso de concílios, poderemos ser consultados pelas igrejas dos colegas, para o exame dos mesmos e a sua recomendação ao ministério pastoral. Os nossos critérios serão claros e não políticos.

A nova Ordem poderá promover CONGRESSOS DE DOUTRINAS BATISTAS. Prepararemos um currículo e um curso apostilado de nossa Ordem, para que os colegas ensinem às igrejas as matérias concernentes ao assunto. Será uma excelente contribuição ao trabalho batista.

A nova Ordem poderá trazer à comunhão obreiros decepcionados com o sistema. Não somos os únicos. Somos apenas uma pequenina parcela de pastores que ficaram aquém da máquina denominacional. Há muitos colegas que não participam mais e não falam mais, pois divergem do que vem acontecendo. Tais colegas, ao tomar conhecimento de nossa agremiação, poderão motivar-se a cooperar, a contribuir, a participar e, assim, a acrescentar sua boa experiência a serviço de nosso ministério.

A nossa Ordem terá uma página na internet. Nessa página teremos tudo a nosso respeito: a nossa história, os nossos distintivos, a nossa agenda, os nossos associados, os nossos artigos, as nossas igrejas, as nossas propostas, as nossas opiniões, enfim, será uma autêntica SALA DE IMPRENSA ao grande público, mormente à denominação batista, que, queira ou não, terá que nos ouvir e terá que nos respeitar.

A nossa Ordem poderá editar lições bíblicas para a EBD e publicar livros sobre o ministério e ciências bíblicas. Seremos uma espécie de ressurreição da Casa Publicadora Baptista, com jornal e tudo. Por que não? Não foi com 16 hinos que Salomão Luiz Ginsburg começou um hinário chamado CANTOR CRISTÃO?

Nós, os pastores batistas concordes e convocados para esta momento, organizamos uma aliança de pastores, nos dizeres de José de Souza Marques em 1940 ou uma ordem de pastores batistas, nos dizeres de Salvador Farina Filho em 1942.

Trilharemos o caminho de volta aos valores antigos, às origens, às publicações clássicas antigas, ao procedimento pastoral bíblico e trabalharemos com afinco neste propósito, dando a nossa parcela de contribuição à denominação, num contraponto à situação terrível que o ministério pastoral batista se encontra.

Criamos a ORDEM DOS PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL, mas poderemos estendê-la a todos os pastores batistas conservadores lusófonos pelo mundo. Nossa agremiação pode acolher outros colegas que assinem o mesmo manifesto e aceitem as mesmas condições e não se exige dos seus membros abdicação ou desfiliação da OPBB ou outras instituições afins.

Este é o nosso manifesto. Que Deus nos ajude!

Carapicuíba, São Paulo, Brasil, 26 de maio de 2012

Assinam este documento:

Pastor Wagner Antonio de Araújo
Pastor da Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

Pastor Messias José dos Santos
Pastor da Primeira Igreja Batista em São José do Rio Pardo, São Paulo, Brasil

Pastor Gilson Celestino dos Santos
Pastor da Primeira Igreja Batista Holística de Vila Formosa, São Paulo, Brasil

Pastor Samuel Lima de Oliveira
Pastor da Primeira Igreja Batista em Jardim Fortaleza, Vargem Grande do Sul, São Paulo, Brasil

Pastor Marcos Gesiel Laurentino
Pastor da Igreja Batista Fundamental em Araguari, Minas Gerais

Pastor Ibraulino Batista de Souza
Membro da Primeira Igreja Batista da Penha, São Paulo, Brasil

Pastor Eliseu Lucas
Pastor da Missão Batista Raízes em Guaxupé, Minas Gerais,
congregação da
Primeira Igreja Batista em Mococa, São Paulo, Brasil

Pastor Wilson Pereira Martins
Pastor da Igreja Batista do Bairro do Limão, São Paulo, Brasil

Pastor Aparecido Donizete Fernandes
Pastor da Igreja Batista Sinai, São Paulo, Brasil


Aos pastores batistas interessados e a quem
queira maiores informações:
E-mail da OPBCB: opbcb2012@gmail.com


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Eu? Servo?


   Falar de serviço em nossos dias é algo muito difícil. O materialismo, fomentado em parte pelo desenvolvimento econômico que temos desfrutado em nossa nação, nos levou a um contexto onde o termo ‘serviço’ ganhou a conotação de atividade remunerada. Algo que se faz em troca de uma recompensa, seja financeira ou não.
      Servir é algo que não gostamos muito de fazer. Preferimos ser servidos. Servimos-nos de coisas das mais diversas para facilitar nossa vida ao máximo. Pior mesmo é quando passamos a nos servir de pessoas. Alguém disse certa vez que antigamente amávamos as pessoas e usávamos as coisas, mas hoje nos tornamos tão mesquinhos ao ponto de amar as coisas e usar as pessoas.
     Isso devia nos causar vergonha! Sabe por quê? Porque quando olhamos para o Novo Testamento nos deparamos com a realidade de que Deus deixou sua glória na pessoa de Seu Filho Jesus e se tornou um servo. E ‘servo’ significa escravo, alguém que não tem vontade própria, que se anula em função daquele que é seu senhor, ou o alvo de seu serviço.
    Assim Deus dá um “tapa de luva” nessa geração auto-suficiente que, cheia de si mesma, vive um cristianismo sanguessuga: me dá, me dá, me dá! Deus nos confronta quando traz à nossa visão a imagem do Cristo crucificado, derramando seu sangue em favor dos mais vis pecadores: eu e você.
Sim, eu e você fomos chamados a ser servos. Fomos chamados a eliminar nosso senso de auto-satisfação e viver em função de satisfazer Àquele que por nós morreu e ressuscitou (2Co 5.15). Fomos vocacionados por Deus para glorificá-lo em serviço de amor a Ele e ao seu povo.

     Nas Palavras de Paulo: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!”. Filipenses 2:5-8 (Nova Versão Internacional)
     Que Deus tenha misericórdia de nós!
     
Marcelo Batista Dias 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Por uma espiritualidade equilibrada


Estou escrevendo este a artigo em resposta ao artigo “Por uma espiritualidade cheia de tesão”, postado no Pavablog. Leia o texto e o comentário que deixei logo após ele.
Queridos irmãos em Cristo, não sejamos tão néscios. Em toda a Escritura somos chamados ao equilíbrio. Por isso qualquer proposta religiosa que nos faça pender mais para um lado do que para outro deve ser rejeitada.
Estou escrevendo a favor de uma espiritualidade equilibrada.
Uma espiritualidade onde o conhecimento racional de Deus não seja descartado em detrimento de um busca por sensações passageiras que precisem ser repetidas periodicamente.
Uma espiritualidade que não dependa de musica alta, ritmada, melancólica ou exaltada para que eu possa “sentir Deus”.
Uma espiritualidade que não seja embotada e relegada aos livros de teologia, aos estudos dominicais ou às reuniões de grupos familiares, mas que extrapole os limites geográficos. Uma espiritualidade que nos acompanhe em cada momento de nossa vida, desde o acordar a te ao deitar.
Uma espiritualidade viva, real, cheia do amor de Deus e por Deus.
Uma espiritualidade que não se alcança com rituais exóticos, simples, elaborados, tradicionais ou de qualquer tipo.
Uma espiritualidade fruto de um relacionamento com Deus. Que desfruta de uma intimidade que provém de temor e não de libertinagem.
Uma espiritualidade que una conhecimento, paixão e vontade. Que nos inunde com a teologia. Que nos faça suspirar. Que saia da cabeça e do coração e desça para as mãos.
Equilíbrio. Sensatez. É disso que precisamos.
Que Deus nos ajude

sábado, 14 de abril de 2012

PARA NOSSA ALEGRIA


Tenho insistido com os membros de minha igreja quanto a viver para a glória de Deus. E ao fazer isso, muitas vezes dou a impressão de que a vida cristã não é muito agradável tendo em vista que, o real objetivo da vida, não é obtermos satisfação e sim satisfazermos a Deus. É o que aparentemente transmitem as palavras de Cristo: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16.24).
Aparentemente, pois isso parte de nossa concepção errada de autonegação. Temos a tendência de pensar que viver para a glória de Deus é simplesmente abrir mão de toda alegria pessoal, ou aceitar a infelicidade de momentos difíceis só porque Deus quis assim.
Contudo o real ensino sobre a glória de Deus nas Escrituras não aponta para uma vida de infelicidade ou de conformismo religioso. Ele aponta na verdade para uma vida cheia de felicidade plena e verdadeira que encontra fundamento exatamente na pessoa de Deus.
Estou dizendo que não pode haver nada que produza mais felicidade na vida de um homem do que viver para a glória de Deus. E isso porque quanto mais Deus é glorificado, mais nossa alma é satisfeita. E como podemos glorificar cada vez mais a Deus? Satisfazendo-nos N’Ele. (John Piper)
O raciocínio é simples: quanto mais eu sinto prazer em Deus, mais tenho desejo de fazer sua vontade. Quanto mais busco viver segundo a vontade de Deus, mais Ele é glorificado. E quanto mais Ele é glorificado em mim, mais ainda minha alma é satisfeita. Como está escrito: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” Slm 37.4.
       Assim meus queridos e amados irmãos, vivamos intensamente para a glória de Deus. Buscando satisfação apenas no que seja relacionado a Ele. Reconhecendo que a presença de Deus é deliciosa (Slm 16.11). Sentindo prazer em fazer Sua vontade (Slm 40.8). Pois tudo que Deus é, e o que ele faz, é para Sua glória e para nossa alegria!


Marcelo Batista Dias

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Pobreza - Tipo: Exportação


"País rico é país sem pobreza".
Este é o lema do governo da presidente Dilma Roussef. O objetivo é fazer com que o Brasil, um país em desenvolvimento, erradique a pobreza como sinal demonstrativo de sua riqueza.

Mas ao invés de erradicar a pobreza, o país resolveu exportá-la para outras nações. E começou exportando, as músicas do Michel Teló.
O hit "Ai se eu te pego", ganhou uma versão em inglês e um clip apresentado ontem (15/01) no Fantástico. 
Espero que a iniciativa dê certo e que o país consiga mandar pra bem longe essa pobreza cultural, moral, musical e porque não, mental.
Que Michel Teló faça muito sucesso lá fora e se mude de vez levando em sua bagagem toda a pobreza de suas músicas e todos aqueles que como ele contribuem para a miséria cultural de nossa nação.
Amém!
Marcelo Batista Dias


sábado, 7 de janeiro de 2012

Rumores de um Novo Mundo


Ano vai, ano vem, mas os dias permanecem iguais. Todos os anos os mesmos acontecimentos se repetem: enchentes, alagamentos, pessoas perdendo seus bens, sua vida... Mais um ano vem aí e com certeza estes estarão presentes. Vários anos novos surgem, mas o mundo permanece o mesmo velho mundo. 
Uma pergunta surge em meio a tantos acontecimentos caóticos: “o que está acontecendo com este Mundo”?
A resposta Bíblica é que a criação está agonizando as dores do pecado. Vemos isso em Rm 8:22 quando Paulo diz que “toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”. Essas angústias e dores da criação são efeitos do pecado sobre todo o cosmos. O pecado afetou o homem e a criação (Rm 1.18-26; Gn 3.17).
Contudo Paulo fala também que a criação está ardentemente esperando “a revelação dos filhos de Deus” (v.19). Mas a que revelação ele se refere? Com certeza não é da influência cristã sobre o mundo. Paulo não está dizendo que quanto mais os cristãos se reproduzirem e se manifestarem ao mundo, melhor ele vai se tornar. Isso é apenas utopia. O Mundo como conhecemos está sendo entesourado para o fogo – 2 Pe 3.7.
A Bíblia fala de “novos Céus e nova Terra”. Ela jamais falou de Céu na Terra. A revelação que a criação aguarda é o Grande Dia. O Dia em que das alturas virá o Senhor da Glória para resgatar seu povo e sua criação. O Dia em que serão expostos todos os pensamentos e todo íntimo de todo homem no grande julgamento final ante o tribunal de Deus. Os acontecimentos e fenômenos naturais que vemos são prenúncios de que este Dia se aproxima. São rumores de um Novo Mundo que está mais próximo do que podemos imaginar.
Isso nos desperta para a realidade de que não vale a pena entesourar para esta vida. Não vale pena viver com os olhos voltados para baixo, para os valores deste mundo, para a busca frenética dos nossos dias por satisfação e conforto material.
Nossa vida deve ser investida no Tesouro que não se perderá jamais (Mt 6.20) – no Céu. A Glória de Deus é nosso alvo. Devemos viver olhando para o céu, aguardando a volta de nosso Senhor Jesus. Devemos viver nesse mundo nos preparando para o Novo Mundo. 
Enquanto os Novos Céus e Nova Terra não chegam, vivamos aproveitando esta vida para fazer do centro de nossa existência, o Autor da Vida. Não devemos com base no que mencionei, desprezar a criação e tratá-la com descaso, como muitos de nós vimos fazendo. Antes devemos cuidar dela e zelar pelo bom cultivo do "jardim" que Deus nos deu.
E também devemos aproveitar estas catástrofes para interceder e estender nossas mãos em favor dos sofridos, assistindo materialmente, mas de modo especial, levando a esperança em Cristo, de um mundo novo e melhor no porvir. 

Marcelo Batista Dias

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Isso é Graça

Este vídeo mexeu comigo e vai mexer com você também. Pelo menos se você for capaz de entender o que de fato é a graça de Deus.
A graça de Deus não é essa nojenta doutrina da prosperidade que andam clamando dos eirados por aí.
A graça de Deus é isso aí.
Veja com seus próprios olhos.


http://www.youtube.com/watch?v=Qtkqn4wIK5s&feature=related

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Socorro! Eles querem me pegar!

Revoltado. Esta é a palavra que melhor me descreve neste momento. 
Estou revoltado com a revista Época que dedicou 11 páginas da edição desta semana para tentar convencer que: "COM SEU SUCESSO 'AI SE EU TE PEGO', O CANTOR PARANAENSE MICHEL TELÓ TRADUZ OS VALORES DA CULTURA POPULAR PARA OS BRASILEIROS DE TODAS AS CLASSES". 
E olha que nem é porque eu não sou muito fã de sertanejo não.
Estou revoltado porque eu sou povo e os valores que Michel transmite em suas músicas não são meus valores.
E não apenas eu, mas milhares de brasileiros foram ofendidos com a reportagem da revista. 
Estou revoltado porque a reportagem afirma que "Teló consegue ser sapeca na medida certa para provocar o riso - mas sem ofender os valores familiares". Que valores familiares ele transmite em suas músicas? Quem foi que disse que balada é um lugar de valores familiares? Se meus pais soubessem o que rolava nas baladas que eu ia quando mais jovem (e não crente) jamais me deixariam ir. 
Que valor familiar existe em "o jeito é dar uma fugidinha com você, primeiro a gente foge depois a gente vê"?
Os "valores" que Teló transmite são desprezo ao corpo marcado pela banalização do sexo apenas como meio de satisfação física. Banalização dos relacionamentos como na musica citada acima, onde o que importa é "dar uma fugidinha" (e não sejamos ingênuos, todos sabem o que isso significa) sem se preocupar em estabelecer qualquer vinculo afetivo - nem o nome, que faz parte da personalidade do individuo interessa - o que vale é a satisfação física em primeiro lugar. E isso sem considerar a pobreza musical das canções. 
Respeito o Michel. Não tenho qualquer intenção de ofendê-lo. Mas acho que ele deveria ser apontado, como de fato é, como um cantor que atende aos valores de parte da sociedade brasileira e não de sua totalidade como a reportagem mostrou. Tem quem goste e se divirta com isso, mas eu, e milhares de pessoas não!
Michel representa parte da cultura brasileira. Uma parte específica, ainda que composta por uma parcela imensa da sociedade, mas é apenas uma parcela e não o todo.
Estou revoltado com esta mídia tendenciosa que, fingindo ser parcial, eclética, na verdade tenta empurrar "goela abaixo" valores que nem todos aceitam como válidos. Atrás da palavra 'democracia' usada por eles, está na verdade um totalitarismo que junta num mesmo cesto todos os membros de uma nação de mais de 190 milhões de pessoas e rotula como quer. Isso me revolta!
Que grande parte de nossa nação esteja em queda livre no que diz respeito a valores morais e familiares, bem como a democracia, isso eu até compreendo. Aliás não espero o contrário. A tendencia natural do homem é se corromper cada vez mais e o que é tido como evolução, é na verdade um processo involutivo. Isso eu compreendo. 
O que eu não consigo aceitar é ser colocado num liquidificador cultural e ser apresentado como brasileiro ao mundo com a cara e a cultura do Michel Teló. tenho a minha própria cara, que não é lá tão bonita, nem famosa, nem rica, mas é minha, e não aceito que troquem ela por outra.    
O que mais me revolta ainda é ver o mundo gospel, no qual eu também sou (contra minha vontade) incluido copia essas coisas. Duvida!? Veja só isso aí em baixo. Deus me livre de ser gospel!


Marcelo Batista Dias 
  


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