segunda-feira, 4 de maio de 2009

E agora quem poderá nos defender? Parte II


Disse no artigo anterior que, neste mundo, nenhum homem pode socorrer aquela mulher e atendê-la em suas expectativas. Mas isso não muda o fato de que muitas pessoas continuarão a esperar nos homens. Mas por quê? Por que sempre se espera que homens como Fernando Lugo sejam a resposta aos anseios da humanidade.

Aquela mulher e praticamente todos os cidadãos paraguaios (e porque não a maioria dos cidadãos desta grande “aldeia global”), confiam cegamente em seus líderes religiosos. O que acontece é que a maioria acaba por “engolir sem mastigar”.

Vivemos numa geração que não pensa mais. O povo simplesmente “engole” os discursos mais escabrosos sem sequer procurar analisar a veracidade dos fatos expostos. O cantor João Alexandre expressou essa verdade de uma maneira esplêndida em sua música “É proibido pensar” (Álbum: É proibido pensar – 2007). Creio que o povo “engole” tudo (e se decepciona tanto com seus líderes) por dois motivos.

Primeiro por que não procura conhecer a verdadeira pessoa por trás do discurso. Líderes, principalmente religiosos, são vistos como referenciais de conduta. Até aí tudo bem. O problema é que as pessoas julgam que alguém que recebe uma incumbência tão especial é uma pessoa “santa” (no sentido de serem infalíveis). Essa visão errônea é maior no catolicismo romano, mas nós os evangélicos também não escapamos. Basta alguém se auto denominar apóstolo que ganha um status de semi-deus.

É preciso entender que pastores (ou líderes de qualquer espécie) são homens também e, portanto não são medida de referência padrão. O paradigma perfeito é Jesus Cristo. Paulo só nos chama a sermos seus imitadores por que ele o era de Cristo (I Co 11.1). Paulo não se coloca como O padrão. Ele era apenas um homem que se moldava ao padrão supremo – Cristo. É como se ele dissesse: “Eu sou imitador de Cristo, unam-se a mim”. O povo precisa ver seus líderes como pessoas comuns. Homens de carne e osso, passíveis de erros. Isso não faz deles pessoas menos confiáveis. Pelo contrário, assim eles se tornam mais acessíveis e compreensíveis. Saber que seu pastor também peca como você deve te levar a compreendê-lo mais e a orar mais por ele.

Segundo a negação da existência de uma verdade absoluta pela qual todo discurso deve ser abalizado. Não vou nem falar a respeito dos não cristãos. Estes sequer acreditam que a Bíblia seja verdadeira quanto mais verdade absoluta. Volto os meus olhos principalmente para os cristãos. É incrível o modo como os cristãos (principalmente “evangélicos”) abandonaram as Escrituras. Nem sei se podemos ser chamados assim tendo em vista que o evangelho está cada dia menos presente em nosso meio.

É incrível ver como muitos tem trocado a “ponte metálica” das Escrituras pelas “tábuas e cordas podres” dos profetas contemporâneos. No meio pentecostal as ações proféticas têm tomado lugar do estudo sistemático das Escrituras. Nós os reformados confessamos as Escrituras como nossa única regra de fé e prática, no entanto costumeiramente ela fica relegada apenas à primeira parte da sentença. O resultado disso é um povo que não pensa, que está perdido como “ovelhas sem pastor” ou então sendo pastoreado por mercenários mercadores do evangelho.

Desse jeito não tem como não se decepcionar. Homens são homens. Não perfeitos. Não são confiáveis e nem são padrão de referência total. Cristo é o referencial supremo. Enquanto os homens e, especialmente a comunidade cristã, entenderem que seus líderes são “infalíveis”, continuarão se decepcionando cada vez mais.

Marcelo Batista Dias

2 comentários:

Anderson Moraes disse...

Sempre me lembro de Paulo dizendo que "temos um tesouro em vasos de barro", isto é, o Evangelho (tesouro) é levado por meio de nós (vasos de barro). Tem gente que dá mais importância ao vaso de barro...

Marcelo Batista Dias disse...

Concordo plenamente com vc Anderson.

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