Família de pastor diz que ele passou a ter problemas mentais após viver em
condições sub-humanas na prisão
Manaus, 14 de Março de 2011
RENATA MAGNENTI
Segundo familiares do pastor, que acionaram a OAB-AM, ele foi obrigado a fazer necessidades fisiológicas algemado
Condenado por crime de tortura, em maio de 2010, o pastor Jeremias Albuquerque Rocha, preso há dez meses no Município de Carauari, está sendo vítima de maus tratos e vivendo em condições subumanas na cadeia e no hospital daquela cidade a 702 quilômetros de Manaus. Segundo o pai de Jeremias, Raimundo Roberto Rocha, até abril de 2010 seu filho era uma pessoa saudável e ativa como missionário no interior do Estado.
“Quando olho pra essa situação vejo que o Jeremias foi vítima de vingança”, diz. Ele explicou que tudo começou no início de 2010, quando sua filha foi a um posto de saúde em Carauari e quase foi abusada sexualmente por um agente de saúde.
“Inconformado, Jeremias foi à delegacia e denunciou o agente, que é irmão de uma conselheira tutelar. Essa mulher, provavelmente, ficou irritada e revidou na mesma moeda com o meu filho”.
Roberto disse que depois do episódio, Jeremias bateu em suas filhas, gêmeas de oito anos, devido o mau comportamento das meninas em sala de aula.
“Eu não sei como essa conselheira tutelar ficou sabendo disso e denunciou meu filho à polícia. Ele foi preso por repreender as filhas e agora vive como um doente mental à base de calmantes”, diz, negando que as gêmeas foram torturadas. A família de Jeremias denunciou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM).
“Estive em Carauari no dia 3 deste mês e o estado é lastimável”, declarou o presidente da Comissão da OAB-AM, Epitácio Almeida. Ele informou que Jeremias tem marcas de algemas nos punhos e nos tornozelos e que o rapaz de 26 anos foi obrigado a fazer necessidades fisiológicas algemado.
“Quando entrei no hospital onde está preso ele ficou muito agitado e perguntava se eu era do bem ou do mal, se eu tinha algemas, se ele iria ficar preso novamente”.
Porém o juiz da cidade, Jânio Tutomu Takeda, que há 18 anos reside no município, não permitiu a transferência.
“O detalhe é que chegando a Carauari fui verificar as condições dos demais presos e encontrei dois que estavam detidos ilegalmente”, relatou o presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Segundo Epitácio, não havia flagrante, nem mandado de prisão que justificasse a prisão dos dois homens. “Pedi que o juiz Takeda soltasse os dois presos e ele solicitou que eu fizesse dois habeas corpus, mas não havia necessidade. Quando disse que acionaria a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Amazonas o juiz ligou para o delegado de Carauari e pediu que soltassem os dois presos”.
Epitácio entrará com representação contra o juiz Takeda junto a Corregedoria do Tribunal para que o caso seja analisado.
“O juiz Takeda reside no interior há muitos anos e tem preferência por morar fora de Manaus. A denuncia é estranha, mas quando tomar conhecimento dos fatos pelo advogado Epitácio ou família vou tomar uma providência”.
Fonte: acrítica
2 comentários:
Bom dia!
este tipo de procedimento, infelizmente não é isolado, pessoas que governam, vivem como coronéis e fazem o que bem entendem, o pior é que quando acionados, "nunca sabem de nada", cliche que colou, desde nosso último presidente. Que as autoridades tomem conhecimento disso tudo, e que os verdadeiros culpados, isto é, os que usam o sistema para um jogo de revide, esses paguem para a justiça e se avalie o que acontece nos lugares esquecidos e desconhecidos de terra brasilis.
Bom dia Rev. Geremias;
Essa é nossa idéia. Levar ao conhecimento do máximo de pessoas possível exatamente para que a exposição do caso produza algum efeito. Efeito não apenas para este rapaz mas todos os que como ele estão passando por maus tratos até mesmo na mesma cadeia em que ele está.
Ajude-nos a divulgar.
Muito obrigado por sua presença aqui no Ecclesia.
Abrç.
Marcelo
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