terça-feira, 2 de junho de 2009

A Árvore de Logos


Em um Tempo de Plenitude, uma Árvore foi plantada num espaço de Terra. O Plantador/Fazendeiro, sabedor de que o Terreno seria bastante hostil, plantou uma semente bem sólida – a Semente de Logos. Para cuidar da preciosa Árvore, o Plantador/Fazendeiro escolheu alguns Trabalhadores sem qualquer experiência, mas deu a eles a Instrução e um Conselheiro chamado Parácleto, para que os guiasse nesta tarefa. No princípio tudo ia muito bem. A Raiz-de-Logos era forte e suficiente para sustentar a Árvore-de-Logos. Além do mais os Trabalhadores seguiam fielmente a Instrução confiando plenamente em Parácleto.

O tempo foi passando e os primeiros Trabalhadores foram sendo promovidos à Casa Grande da Fazenda deixando outros para dar continuidade em seu trabalho. Alguns começaram a desconfiar da força da Raiz-de-Logos e logo começaram a questionar se não seria melhor substituí-la por uma outra raiz um pouco mais fraca, mas bem mais fácil de “trabalhar” – a raiz-de-gnosis. Outros achavam que a Raiz-de-Logos era forte e não precisava ser substituída, mas apenas reforçada por alguns marcos de madeira de Lei. O parecer agradou à maioria, que condenou os adeptos da raiz-de-gnosis à vida fora da sombra da Árvore. Os que ficaram sob a sombra começaram então a reforçar a Árvore-de-Logos.

Aos poucos a Instrução foi sendo deixada de lado. Algumas tabuas de dó-guimá foram colocadas junto à Raiz da Árvore-de-Logos. Um dia, porém eles perceberam algo estranho – aquela Árvore tinha apenas uma Raiz e era provinda de apenas uma Semente, mas seus ramos eram muito diferentes uns dos outros. Havia ramos mais repletos de frutos, outros com menos frutos. Havia ramos de diferentes cores e de diferentes espécies, espalhados para os vários cantos da Terra. Os Trabalhadores então tiveram a idéia de fazer com que a Árvore tivesse uma anatomia mais uniforme. Queriam que seus frutos fossem padronizados e dia-a-dia foram acrescentando mais e mais tabuas de Lei com fim de fazê-la ficar mais parecida com um horto chamado Doxia.

Os anos se passaram e os trabalhadores foram ficando mais inteligentes e mais espertos na arte de “alimentar” a Árvore. Começaram a ignorar a importância da Raiz-de-Logos. Em seguida abandonaram a Instrução e foram deixando de ouvir o que Parácleto tinha a lhes dizer. O resultado disso foi que os Trabalhadores ficaram abastados, mas a Árvore e seus Ramos pareciam definhar dia-a-dia.

O Plantador/Fazendeiro ao ver o que seus Trabalhadores fizeram com sua Árvore, ordenou que aquelas tabuas de Lei fossem tiradas. Ele designou novos Trabalhadores para retirar aqueles marcos e renovarem sua Árvore. Esses nobres Trabalhadores reencontraram a Instrução que estava esquecida e voltaram a pedir orientação a Parácleto. A Árvore então voltou a crescer e florescer como dantes. No entanto estes bons Trabalhadores foram também promovidos à Casa Grande...

Os outros Trabalhadores que se levantaram começaram a discutir entre si sobre como seria a melhor maneira de cuidar da Árvore-de-Logos:

- “Precisamos voltar a utilizar as tabuas de Lei que nossos pais usavam para fortalecer a Árvore e mantê-la mais parecida com o horto Doxia, pois esta Raiz-de-Logos está brotando Ramos muito discrepantes. Estes ramos diferentes precisam ser arrancados, estão fora de padrão.” – dizia Davis Eradib Urro.

- “Na verdade o que precisamos é concentrar nossos esforços na raiz-de-gnosis, pois nessa Instrução não se pode confiar e este Parácleto é apenas um mito, ninguém pode vê-lo ou provar sua existência, ademais cadê esse Plantador/Fazendeiro que nunca aparece por aqui?” – retornou Euno Centrudo Mundus.

- “Você fala como um doido qualquer! Parácleto está aqui eu o vi esta noite e Ele me disse que uma nova Raiz há de brotar neste solo e que devemos sempre esperar de sua parte uma nova Instrução. Devemos enquanto isso amarrar e determinar que as pragas abandonem este solo!” – Interrompeu abruptamente Chey d’Mistis Ismo.

Em um canto apenas observando estava Kadá Un Assua.
- “Ei e você? Não vai falar nada não? – Perguntou Davis Eradib Urro;
- “Não quero me envolver nesta discussão estúpida. Tenho a minha própria opinião a respeito da Árvore-de-logos e não importa a vocês o que penso e nem a mim o que vocês pensam. Vou cuidar da Árvore de acordo com minha experiência. A Instrução é boa, mas não é a única. Parácleto fala coisas pertinentes e posso até usá-las. Posso até usar algumas tabuas de gnosis – apesar de achá-las pesadas demais para mim. Cada um faça do seu jeito, afinal, o Plantador/Fazendeiro irá premiar os bons Trabalhadores e não necessariamente aqueles se prenderem ao Caminho que ele ordenou”.

E assim a Árvore-de-Logos continua padecendo. Alguns Trabalhadores mantém-se fiéis e procuram ouvir sempre a Instrução e Parácleto. Os Ramos, exaustos pela incompetência de alguns Trabalhadores estão definhando mais a cada dia. Ansiosos, Ramos e Trabalhadores fiéis esperam a volta do Plantador/Fazendeiro que os transplantará desta Terra hostil para uma Nova Terra sem pragas e longe dos Trabalhadores medíocres.


Marcelo Batista Dias

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