Eu gosto de MPB. Não sou um ouvinte assíduo, mas admiro
algumas músicas do nosso vasto repertório nacional, especialmente daquela
geração dos anos 70 e 80. Uma destas músicas é “Como nossos pais” de Belchior, que
ficou famosa na voz de Elis Regina.
A parte que mais me chama a atenção na música, é o coro que
diz: “Minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo o que fizemos; ainda
somos os mesmos e vivemos, ainda somos os mesmos, e vivemos como os nossos pais”.
Ela me chama a atenção para o fato de que, não adianta
avanço tecnológico, social, econômico, intelectual, ainda somos os mesmos e
cometemos os mesmos erros do passado.
O ser humano não muda, exceto pelo seu contexto sócio-econômico-cultural.
Essencialmente continua sendo o mesmo. Buscando uma satisfação, uma razão de
ser, algo que vá além daquilo que ele tem no momento. Uma distração, um
disfarce, algo que lhe faça superar a sensação de fracasso e desespero.
Na época de Belchior e Elis era a luta pela liberdade de
expressão. Em 1976, época da composição da música, a ditadura militar no Brasil
reprimia toda expressão cultural livre que criticava o regime. Alguns foram
mortos outros exilados por causa de sua arte e crítica ao sistema.
Em nossos dias é o culto ao entretenimento, à diversão. A busca
pela emulação dos sentidos, pela produção de sensações, sem limites, sem pudor,
apenas a busca pelo prazer, em nome da liberdade de ação, e livres de qualquer
tipo de reação (uma contradição a uma lei básica da física).
Na época de nossos pais, as aspirações podiam ser diferentes
(e para mim mais elevadas, superiores), mas a ansiedade é a mesma.
Esta é a dura realidade: vai ano, vem ano, e as pessoas,
especialmente os jovens, tanto da minha geração, como das novas gerações,
continuam da mesma forma. Buscam satisfação, sentido, cometendo os mesmos erros
dos seus antepassados, ou seja, olhando para baixo, para si mesmos, ao invés de
olhar para cima, para Deus.
Foi Agostinho quem disse: “Fizeste-nos para ti e inquieta está
nossa alma enquanto não repousamos em Ti”. Deus é a única fonte de plena
satisfação para o ser humano, que foi criado à Sua imagem e semelhança, que
procede de Suas mãos, que possui um fôlego de vida soprado por Ele em suas
narinas.
Creio que já passa da hora de nossa geração se despertar
para esta realidade. Digo não apenas aqueles que não crêem ou não buscam a Deus,
mas inclusive os que se dizem evangélicos, que à semelhança de muitos de nossos
antepassados, tem substituído o prazer em Deus e sua glória, pela satisfação
das coisas deste mundo.
Que
sejamos ousados em “não ser como nossos pais”, no sentido de que nossa plena
satisfação de viver esteja em Deus, na pessoa de Jesus Cristo seu filho que se
deu por nós na cruz, para satisfazer por todo sempre essa sede que temos por
dentro, na alma.
Marcelo Batista Dias
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