quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O bêbado e o seminarista




Foi um desabafo e tanto. Não pude deixar de me emocionar com o que verdadeiramente vai dentro da alma de alguém cuja vida se tornou sem sentido. Aquele velho bêbado olhava dentro de si e não via nada. Para ele sua vida se tornara completamente perdida. A angústia estava viva em suas palavras. Ele chorava o peso de seus erros. Chorava a dor de uma vida levada e não vivida.


O mais interessante é que depois de desaguar sobre mim lágrimas e mais lágrimas pelas desventuras que o atingiram na sua vida ele soltou essas palavras: “Essa vida não tem cifrão”.


Lembrei-me de uma história apócrifa que ouvi a respeito de Cristo. Conta a tal história que de certa feita estava Jesus e seus discípulos assentados sob uma árvore e um cheiro fétido de carne em putrefação os incomodou. Pedro mais depressa correu para ver o era. Voltou dizendo que havia um jumento morto por ali e recomendou a retirada. Jesus, no entanto o pediu que o levasse até o ‘defunto’. Relutante, Pedro atendeu. Ao chegar ali, em meio a toda aquela podridão Jesus soltou: “Veja Pedro, mas que belos dentes”!


A capacidade de enxergar o lado bom das coisas ruins é algo divino. É impressionante o quanto uma pessoa pode sofrer e mesmo assim saber reconhecer o valor da vida. Isso não quer dizer necessariamente que só os crentes o podem fazer. Deus deu esse dom a alguns que não são tão ‘dignos’ assim. Ouvir aquelas palavras foi como ouvir a voz de Deus me alertando para minha própria vida. O seminarista parou diante das palavras do velho bêbado. E como eu precisava daquilo!


Não é difícil achar um crente por aí reclamando de sua “má sorte”. Por isso eu ouvi com gosto por quase uma hora o desabafo daquele velho e sábio bêbado. Suas lições foram profundas. Ele discorreu sobre o trabalho, família, sentimentos, vida espiritual e até sobre graça! Acreditem foi uma experiência inesquecível! O monólogo do velho bêbado sábio me deixou muito mais pensativo que “O Menestrel” de Shakespeare.


O fato é que mesmo com as agruras da vida, é impressionante reconhecer como ela é bela. Verdadeiramente ela não tem cifrão. Não tem preço. Como dizia o poeta: “Eu sei que a vida podia ser bem melhor e será! Mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita”!

Por isso: Glória a Deus por minha vida!!!

Marcelo Batista Dias

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