Como é grande o descaso do chamado povo de Deus no relacionamento com o seu Deus. Fico impressionado como somos capazes de rejeitá-lo. Trocamos Deus por qualquer coisa, por qualquer momento e ainda exigimos dEle que nos faça tudo quanto desejamos. Deus não é nossa preferência. Nossa preferência é nossa própria pessoa. E nesta atitude nos rebelamos contra Deus e não buscamos conhecê-lo.
No capítulo 1.2 e 3, Isaías retrata isso em um desabafo do próprio Deus – o Fazendeiro.
Nós somos os herdeiros. Somos o pior tipo. Não queremos nada com o Fazendeiro. Tudo que queremos é o status que Ele pode nos conceder. Somos interesseiros, rebeldes e ingratos. Fomos engrandecidos pelo Fazendeiro que nos criou e nos elevou ao patamar de herdeiros. Quando éramos indigentes errantes por esta grande Fazenda, procurávamos fazer alguma coisa para merecer o favor do Fazendeiro. Mas este apenas por sua misericórdia e bondade, sabendo que nada poderíamos fazer, nos concedeu gratuitamente a honra de filhos, herdeiros junto com o Primogênito. No entanto nos levantamos contra Ele. Nosso erro? O descaso. Não queremos conhecer o Fazendeiro. Não precisamos mais dele, já temos posse de suas riquezas. Somos herdeiros! Não precisamos de nos relacionar com Ele. Somos independentes e auto-suficientes.
Diferente do boi que conhece o Fazendeiro. Ele não pode falar. Não pode nem se quer agradecer pelo cuidado deste. No entanto ele O conhece. Conhece por dependência. Sabe que sem o cuidado do Fazendeiro pode perecer. Sabe por instinto, que, diga-se de passagem, nossa racionalidade nos tirou, que não pode sustentar-se por si só. O Fazendeiro é quem determina a hora de ir pro pasto e é Ele quem diz se deve ou não permanecer lá. É também o Fazendeiro quem decide a hora de por ou tirar o jugo. A hora de trabalhar e a hora de descansar. Para o boi, a Fazendeiro é Soberano.
É interessante isso. Quando criança ia para roça passear. Na casa de um dos meus tios era notável o relacionamento com os animais. Cada boi ou vaca tinha o seu nome e cada um atendia por este quando chamado. É claro que o rebanho era pequeno, mas isso comprova que até mesmo o boi é capaz de reconhecer o seu possuidor.
Já nós os herdeiros não o fazemos. A voz do Fazendeiro nos incomoda. Não conseguimos mais ouvi-la diretamente. Por isso nos cercamos de ‘meninos de recado’ que pudessem transmitir as mensagens do Fazendeiro de modo agradável aos nossos ouvidos. Determinamo-lhe que apenas atenda nossas reivindicações sem questionar. Invertemos os papéis. Assumimos, ou pelo menos pensamos isso, que somos nós quem manda nesta grande Fazenda.
Contudo o Fazendeiro é mais poderoso. Ele está acima de nós e o fim de toda esta história é trágico para os herdeiros. No final o Fazendeiro sempre sobressai. Quer por reconhecimento dos herdeiros, quer pela submissão e serviço dos bois.
A conclusão é que de herdeiros passamos a menos que bois por nossa própria irracionalidade.
O Fazendeiro clama e continuará clamando para que nos arrependamos e deixemos nossa soberba irracional e como humildes servos nos prostremos ante seus pés.
Que o Fazendeiro tenha misericórdia de nós e preserve mais uma vez o toco, a santa semente.
Para honra e glória do Fazendeiro!!!
Marcelo Batista Dias
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